Dos cravos, escravos fiz
nos cravos armas forgei
dos ramos se fez raiz
e se os cravos eu quiz
não me lembro nem já sei
forjar armas e raiz de fé
fúteis melodias eu soltei
breves momentos me fiquei
em banal tertúlia de café
se cravos eu quiçá herdara
e os quisera fazer bravos
em apatias senis me quedara
já não há jardins com cravos
restam jardins de escravos
deixados nas magras noites
onde jardins sem cravos
das turbas sofrem açoites
estátuas tombadas no jardim
cravos lembram sem tocar
e em silêncios dentro de mim
cravos e escravos por libertar
cravos que tocam no jardim
negras melodias lançadas no vento
cravos esquifes de baloiçar lento
arrastam mortos em vidas assim
LENDAS DE CRAVOS QUE ESCRAVOS DERAM